A opinião manifestada quanto ao futuro do futebol português assentava no facto de em apenas dois jogos, os “3 grandes” terem colocado em campo nada mais, nada menos do que 29 estrangeiros e apenas 13 jogadores nacionais. Ou seja, num universo de 42 jogadores passíveis de actuarem, só cerca de 30% é que eram portugueses. Este valor é, de facto, elucidativo do que se passa.
No decorrer desta análise, facilmente chegaram á triste conclusão da dificuldade que qualquer seleccionador tem em conseguir formar uma selecção forte, capaz e mentalmente adulta.
Sendo uma “indústria” muito apetecida por muitos, o futebol deixou de ser o desporto do povo, para passar a ser o desporto daqueles que, não sendo os mais ricos, são os que controlam tudo e de forma verdadeiramente selvagem.
A visão “afunilada” de muitos dirigentes, empresários, jornalistas e até alguns jogadores, faz com que se concentrem única e simplesmente, no lucro máximo no mais curto espaço de tempo. Isto porque todos nós sabemos que a polémica e a mentira aliada à influência, é algo que funciona muito bem neste país.
Perante esta situação, o que se percebe é que desde que foi abolida a restrição á transferência de estrangeiros no âmbito da UE, os clubes ficaram dependentes dos empresários, que viram nesta abolição, uma forma rápida de colocar jogadores estrangeiros de má qualidade, com os seus passes bastante inflacionados.
Relativamente a esta situação, não se pode escamotear a realidade uma vez que também nós fomos e ainda somos “exportadores” de “mão-de-obra” algumas vezes, bastante duvidosa.
No entanto, se fizermos uma análise um pouco mais detalhada, verificamos que após a referida abolição, a entrada de estrangeiros em todos os escalões de formação, subiu vertiginosamente. Nas escolas (a primeira etapa) os inscritos eram, à época de 2007/2008, cinco vezes mais do que em 2004/2005, uma subida que pode estar associada ao fenómeno da imigração.
Se transportarmos esta pequena análise para os escalões seniores, onde se incluem as equipas profissionais da Liga e da Liga de Honra, o crescimento foi de cerca de 83%.
Com cenários deste tipo, como é que se pode formar uma Selecção Nacional com potencial competitivo de qualidade e preparada para enfrentar os maiores desafios, ao mais alto nível? Não diria que é impossível, mas digo que é uma tarefa bastante árdua que qualquer seleccionador terá de enfrentar.
Para finalizar esta brevíssima análise e, como complemento, ainda se pode afirmar que de acordo com um estudo elaborado pelo Observatório dos Jogadores Profissionais de Futebol que abrangeu 11.015 jogadores, de 456 clubes, de 30 ligas, 53,7% dos 393 jogadores da Liga Portuguesa, são estrangeiros.
Como diriam os krommus: - Sintomático!
12.03.09
[Dr. Kanelada]
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