Caros Krommáticos
Para a História deste blog, venho aqui dar um breve apontamento que diz respeito ao meu Pai e contar mais ou menos o seu percurso Brioso, que, como verão mais à frente, não foi muito fácil e muito limpo!
No entanto, com a ajuda de Amigos conseguiu “
encarreirar” para o bem, pois começou por muito maus caminhos! Ora o meu velhote (que teria feito 92 anos no passado dia 27) veio parar a Coimbra por causa de ter partido um pé. Como, naquela altura, no Portugal profundo (ele era natural do Bombarral) os meios Médicos eram escassos e como tinha família aqui em Coimbra, mais propriamente, um tio que era enfermeiro nos HUC, ele para cá veio onde foi operado. Acontece que foi desta maneira que conheceu a minha Mãe.
A minha velhota, tal como as raparigas desse tempo, era uma menina com alguns dotes, entre os quais o saber bordar.
O namoro aconteceu, até dar em casamento.
E apareceram os filhos, este vosso amigo e o meu saudoso irmão.
Entretanto o meu pai fez a sua vida em Coimbra e foi-se dando com bastante gente e um frequentador assíduo do
Café Arcádia, onde havia uma tertúlia bastante numerosa onde prontificavam só Briosos.
Ora eu e o meu irmão fomos sempre educados com os valores da nossa
Briosa e não conhecíamos mais clube nenhum: daí o mais velho (eu) ter dado uns pontapés na bola vestindo com enorme orgulho aquela camisola, o meu irmão, com muito mais notoriedade do que eu, a camisola da equipa de basquetebol.
Mas ainda muito jovem, talvez com os meus 7-8 anos, numa daquelas arrumações que nossas Mães faziam, como donas de casa, descobriu-se uma
almofada bordada com o emblema da “
lagartagem”. Espantado, perguntei porque é que aquilo estava lá em casa, sabendo de antemão que não fazia, até aquela altura, qualquer sentido, o aparecimento dum “
vírus” daquele tamanho.
A minha Mãe respondeu-me que tinha sido uma oferta ao meu Pai, quando namoravam, porque ele era dos “
gatinhos de Alvalade” (recuso-me a falar dos nomes dos outros, porque isto é um sítio para se falar só em Académica, Briosa, Carvoeiros!). Eu fiquei com aquilo e numa ida ao Arcádia com o meu Pai, um dia, ao falarem comigo eu disse que havia em minha casa uma almofada com o tal “
vírus”! Claro, como vocês estão desde já a ver, o meu Pai foi fustigado de todas as formas e feitios, mas dentro daquele princípio e espírito coimbrinha que todos nós conhecemos e sem o ofenderem de forma nenhuma. É claro que ele já vivia a Académica duma forma que os meus Amigos conheceram, mas nunca deixou de ter este estigma às costas. E ainda hoje algumas dessas pessoas, que fazem o favor de ser meus Amigos, me perguntam se a
almofada existe! Felizmente após esse episódio a dita cuja desapareceu, mas tem piada, que já depois de termos vindo de Angola, numa das primeiras vezes de ida ao Arcádia me perguntaram se a
almofada tinha vindo.
Mas tudo isto na vida dá voltas!
E mais tarde o velhote tinha uma certa inclinação pelos “
pintainhos da Luz” quando jogavam contra outras equipas que não a nossa Briosa.
E caso curioso: nos três jogos com estes “
passarinhos” em Coimbra, que ganhámos, ele não viu nenhum, tendo eu tido o privilégio de ter assistido ao 1-0 na época 1956-1957 com o golo do Faia ao Costa Pereira por entre as pernas (como chorei de alegria nesse dia!). O segundo na época 66-67 para a Taça de Portugal com vitória por 2-0. O terceiro na época 73-74 pelo mesmo resultado, que não vimos por estarmos em África (mas que comemorámos, e de que maneira!).
E quando eu falo em “
puros” refiro-me a quem nunca teve outro clube, nem como simpatia.
Peço-vos desculpa por este tempo todo, mas como temos que dar vida ao “
nosso” blog (Tião, posso dizer isto?) aqui está a “
estória” duma pessoa que conheceram e a forma como vivia a
AAC.
Abraços Krommáticos
Vladimiro