FALÊNCIA TÉCNICA

Os resultados semestrais das SAD dos chamados “três grandes”- Benfica, Sporting e Porto foi manchete dos jornais do inicio desta semana , especialmente dos desportivos, e, como não podia deixar de ser, também foi tratado no nosso blog.

De um modo geral, os jornais titulavam:
Falência Técnica dos 3 Grandes

Sinceramente, este titulo não me pareceu muito feliz , tendo em conta que não é totalmente correcto e, também, porque no desenvolvimento da notícia o que se procura dar a conhecer são os prejuízos de gestão do primeiro semestre da Época 2008/2009, situação que julgo estar longe de ter sido surpreendente para alguém.




Então o que é isso de falência técnica?
Falência técnica é sinónimo de falência?
Por definição a falência técnica ocorre quando o passivo duma empresa (sociedade ou não) excede o valor do respectivo activo, ou seja, é um termo técnico que caracteriza as empresas que apresentam no Balanço capitais próprios negativos. Estar em “falência técnica” não significa que a empresa esteja falida (insolvente) ou que seja legalmente obrigada a declarar falência.
É insolvente (falido) todo aquele que, por carência de meios financeiros próprios ou falta de crédito não consegue cumprir pontualmente as suas obrigações.
Interpretando isto, diria que a grande maioria das declarações de falência acontecem por crise de liquidez, sem que se tenha verificado a situação de falência técnica, ou seja, vão á falência com capitais próprios positivos (activo superior ao passivo).
Não é totalmente correcto dizer-se que os chamados 3 grandes estão em falência técnica. Tendo por base a análise do documento da CMVM que o nosso Krommu Vladimiro fez favor de nos facultar.
Nenhum dos clubes apresenta uma situação económica/financeira estável, mas em concreto e, pela análise destas contas, só o Sporting está em falência técnica.
Os outros estão perto, diria, se me é permitido, em “pré falência técnica” bastando para tanto, no caso do Benfica, que os resultados do segundo semestre sejam equivalentes aos do primeiro.
A imagem verdadeira e fiel (true and fair view) da situação patrimonial e financeira que se exige ao Balanço, sofre alguns ajustes, impostos por regras específicas definidas pelos diversos utentes da referida informação.
É disso exemplo a CMVM ao não permitir que as SAD incluam no activo o valor estimado dos passes dos jogadores oriundos da sua formação.
A SAD do Benfica tem o seu plantel valorizado em 74 milhões euros, o Porto em 64 e o Sporting em 30.
Não há dúvidas que se no activo da SAD Sporting constasse o valor de mercado dos passes de Moutinho, Miguel Veloso, Djaló, Pereirinha, Carriço, etc, os seus capitais próprios deixavam de ser negativos e consequentemente, a falência técnica que é…..já não era……
Parece claro que dos três, o Sporting é o clube que tem a melhor “reserva de capital oculto” para realização de mais valias com a venda de passes de jogadores.
É importante dizer-se que, nos casos dos jogadores saídos da formação, a sua venda gera uma mais valia é igual respectivo valor de venda (100% de mais valia).

Já agora, e porque estamos a tratar de clubes grandes, qual é a situação da nossa Briosa?

Com base nas contas de Jun2008, somos os maiores, somos os primeiros, grandes que chegue, para apresentar o maior índice de “falência técnica” dos 4 grandes - 3,7milhões euros.
Para descanso de todos os adeptos da Académica, aqui está um bom exemplo de que falência técnica não é sinónimo de falência (insolvência).

Todos estamos de acordo que a “industria do futebol” não vai escapar à crise financeira e económica que prolifera por todo o mundo, infelizmente, sem fim à vista.
O futebol português tem que se reestruturar e redimensionar, sob pena de mais casos como Farense e Salgueiros poderem vir acontecer.
Julgo ser consensual que o futebol português, salvo raras excepções, tem vivido muito acima das suas capacidades financeiras.
Há que adequar as despesas às receitas correntes e não ficar à espera que receitas extraordinárias, de realização cada vez mais improvável, equilibrem as contas e evitem resultados negativos, ano após ano.
É preciso não esquecer que as receitas de publicidade e da TV vão descer. O número de espectadores nos estádios vão baixar.
As mais-valias com a alienação de direitos desportivos vão diminuir drasticamente.
Os clubes e os jogadores de futebol têm que ter consciência de que os salários milionários de alguns podem hipotecar os salários de muitos.
Por último, mas não menos importante, os “salvadores da pátria”, os mecenas, os investidores, os grandes empresários a que os clubes se habituaram a recorrer em períodos de “sufoco financeiro”, acumulam, actualmente, significativas perdas em bolsa e já não têm os lucros de antigamente.

Há que, arrepiar caminho quanto antes e “apertar o cinto” a tempo de evitar que, da

FALÊNCIA TÉCNICA, se passe á... FALÊNCIA REAL.

VIVA A MALTA!!!!!!!

POÇAS PEREIRA