Guarda com muito orgulho uma camisola autografada do capitão Nuno Piloto.
No final, faço um pequeno comentário ao texto.
Poças Pereira
O MEDO DA MUDANÇA
E DAS
SEGUNDAS INTENÇÕES
Em tempos que, diariamente os noticiários abrem com o fecho de mais uma fabrica, de mais uma empresa que vai colocar mais 100 pessoas no desemprego que vão levar mais 100 famílias a chegar à segunda quinzena do mês sem uma nota no bolso, sem saber o que vai ser o jantar do dia seguinte, porque os restos já acabaram a semana passada e o saldo do cartão já é negativamente igual ao subsidio de desemprego do próximo ano, ouvimos todos com máxima atenção e entusiasmo a notícia da manhã da TSF: A MULTINACIONAL NESTLÉ PREPARA-SE PARA ABRIR UMA NOVA FÁBRICA NO NOSSO PAÍS QUE VAI EMPREGAR 50 TRABALHADORES. Esta é, sem dúvida, a música do dia que a voz fria e rápida do locutor nos dá a ouvir. Depois acrescenta que por palavras do director da empresa em Portugal “Os tempos são de crise mas não podemos ter medo de parar o crescimento ao congelar o investimento”.E DAS
SEGUNDAS INTENÇÕES
A criminalidade a par do desemprego também tem aumentado. Ainda há três dias o Lourenço ficou sem o telemóvel e o casaco a meio da rua às cinco da tarde. Há duas semanas, foi o Barbeiro que à noite no 701 ficou também sem telemóvel. A vida não está fácil e em certos momentos, quando há alguém que tenta fazer algo com a intenção de mudar o rumo dos acontecimentos, as pessoas que são afectadas por esta mudança demonstram desconforto pela ideia de “mudar”. Principalmente quando estas pessoas estão inseridas no grupo social classificado por “terceira idade”. A “terceira idade” é a classe da população que mais sofre com a crise económica. As pessoas idosas sentem-se impotentes face à crise que faz questão de se agravar com as múltiplas contas a pagar no final do mês como a dos medicamentos e a da electricidade. Muitas destas pessoas deixam de ter condições para viver em habitações próprias e passam a viver em casa de familiares onde não se sentem confortáveis, onde não sentem ter o espaço que necessitam. Algumas das pessoas que por uma ou por outra razão vão para os famosos “lares de terceira idade” vêem-se num ambiente controlado e depois de perder algumas das suas qualidades perdem também os seus deveres como pessoas, passando a estar dependentes de funcionários que tratam das suas necessidades diárias ocupando-se de todas as tarefas do dia-a-dia. No fim-de-semana a família vai visitar a avó ao lar e depois voltam para casa, deixando a avó mais uma semana deitada a contar os segundos que faltam para o que há-de vir.
Ontem fiquei um quarto de hora no metro do Rato a pedir a quem passava os 60 cêntimos que me faltavam para poder pagar a viagem até ao Saldanha. Nenhuma das vinte pessoas a quem eu com as melhores das maneiras pedi uns ridículos 60 cêntimos foi capaz de me dar o dinheiro. Porquê? Por não terem? – Tinham por certo! Não deram porque não ganhavam nada em troca com isso. Eu não tinha nada para oferecer. O dar leva ao receber mas não necessariamente directamente. Se eu ajudar a Maria com o Trabalho de Matemática a Maria não tem de me ajudar com o trabalho de Inglês mas pode ajudar o Frederico e o Frederico ajudar-me a mim na aula de música por exemplo.
Quando hoje estava a voltar para casa ao fim da tarde vi na Avenida da Liberdade camuflado pelos tons escuros da rua quando não é iluminada pelos hotéis de luxo, um sem-abrigo com um cobertor à sua volta abraçado a ele cheio de frio. Não tinha dinheiro nem nada de comer que lhe pudesse dar. Ofereci-lhe o meu casaco porque como já estava quase a chegar a casa não ia apanhar frio e ao vê-lo ali ao abandono da cidade senti-me mal, muito mal. Ele recusou a oferta argumentando que lhe estava muito pequeno. Eu insisti. Ele virou costas e disse para eu parar com “aquela merda”. Virou-me costas com o ar revoltado de quem tem como casa a rua e com uma expressão como que se perguntasse “O que é que este ganha em me dar o casaco? O que é que ele quer com isso?”
Quando cheguei a casa tirei o casaco e pu-lo em cima da cama. Sentei-me na secretaria a escrever e agora que pela primeira vez tiro os olhos da folha olho pela janela e vejo que chove. Deve estar frio lá fora. Para mim não passa de um luxo, um extra este casaco. Tenho mais, tenho demais. Deve ser esse o maior dos pecados comuns a uma grande parte da população na qual não me quero sentir incluído: tanto é o que está à nossa volta que nos tapa a visão do mundo que nos rodeia.
É preciso mudar, sem medo e com sacrifício. O caminho, esse faz-se caminhando e é de subida. Ninguém deve ficar para trás, ninguém deve ser esquecido.
A Igualdade leva ao Equilíbrio da mesma maneira que a Mudança leva ao Futuro.
ESCRITO POR AFONSO BORGES
AFONSO
Antes de mais quero dar-te os parabéns e dizer-te quanto orgulhoso fico com a tua educação, postura e sentido de responsabilidade. O texto está muito bem escrito, mas, sinceramente, se não estivesse, para mim não era muito relevante.O importante é o que dizes, ou seja, o modo como comunicas através dos sentimentos, dos quais destaco:
Solidariedade………..Há no texto uma clara preocupação e interesse pelos outros.
Responsabilidade.... Mostras que sabes que cada um de nós tem deveres e obrigações para com a sociedade.
Humildade…………...Percebe-se bem que não te sentes superior aos outros.
Família………………..A referencia que fazes à situação dos “Avós”evidencia que os” sãos valores da família” já estão inseridos na tua conduta.
Foi isso o que apreciei no teu texto e que gostei de ler. Continua assim para seres um Homem honesto, trabalhador e responsável.
Ia-me a esquecer duma outra qualidade que tens e que, para mim, é motivo de grande satisfação
ÉS KROMMU
ÉS DA ACADÉMICA
Um beijo sincero, para ti e manos
Titó
POÇAS PEREIRA
Afonso
ResponderEliminarAo publicar este teu artigo, senti um "nó" muito grande na minha garganta. Sabes porquê? Porque este artigo trás à tona a falta de vergonha e sensibilidade de TODOS aqueles que têm governado este País. Mostra-nos a falta de valores éticos e morais que percorrem este País de lés a lés. Este teu artigo de opinião, diz-me que antes de todos os "Magalhães", está a formação como HOMENS.
Eu também sou pela mudança positiva, na perspectiva de um futuro melhor. Continua assim.
Mudando um pouco de assunto e, já que o teu Tio te "armou" KROMMU (e muito bem), terás que vir conhecer esta família de...krommáticos bem dispostos, tirando a azia de alguns.
Um F.R.A. e... VIVA A BRIOSA!
Só ver e ouvir o tio a falar dos sobrinhos, nos ultimos dias do Afonso, dá vontade de pedir ao tio para arranjar um lugarzinho no coração para este seu amigo, tios destes parece-me que são raros, e a tia reparem nela quando o tio fala.
ResponderEliminarUm abraço ao tio e ao sobrinho.
Caro Krommático Afonso:
ResponderEliminarNão te conheço, mas és dos NOSSOS!
Fico muito "sem palavras" ao ler o que tu escreves.
Eu ainda acredito que existem pessoas como tu e que vem aí uma geração, com todos os valores bem marcados, que há-de alterar este estado de coisas.
Realmente, hoje só se pensa, que, quando se dá algo, é porque se quer algo em troca.
Ninguem sabe o que é ser fraterno ou humano!
Mas acredito que tu e todos como tu serão capazes dessa mudança.
Não te conheço, mas um dia havemos de nos encontrar e serei um homem mais rico em falar com um jovem com tanto valor.
Conheço o teu tio há uns 40 anos e vivemos bons bocados juntos e realmente não poderia, dessa família, deixar de nascer "frutos" tão bons como tu.
E aliado a essas tuas grandes qualidades, tens outra associada a todos nós: és da Briosa!
Parabéns!
Aparece!
Um grande abraço Krommático
Vladimiro
Obrigado Tio pelo comentário que fez ao meu modesto texto dando-lhe uma dimensão enorme colocando-o no blog dos krommus! obrigado tambem a quem apesar de nao me conhecer comentou o texto. li e re-li esses comentarios.
ResponderEliminarconcordo com cada palavra e com todas as palavras neles presentes. agradeço por tudo.
entretanto escrevi um outro texto mais pequeno de uma outra temática (ainda nao é este sobre a grande BRIOSA) um dia destes... quem desejar ler este novo texto tenho todo o prazer do mundo que o faça em www.iemfeu.blogspot.com
Amei o texto já o disse ao Afonso ! (melhor primo e melhor texto , ele é um maximo )
ResponderEliminarKrommus :)
Beijinhos francisca =DD
Afonso:
ResponderEliminarConfirma-se que tens jeito para escrever.
Tens opinião, ideias claras e mostras que não és indiferente ao mundo que te rodeia.
“Trina a maçã” e vai em frente. Felicidades para ti!!
Parabéns
TITÒ
Amigos Krommus:
Sentindo responsabilidades na publicação do texto do Afonso nos "Krommus” quero agradecer os conselhos amigos e sempre úteis que lhe têm dado.
Obrigado Krommagem!!
Mamã Afonso:
Um desafio.
Sei que o teu clube do coração é a Académica
Sei que escreves bem.
Sei também que a Sra Ministra da Educação não dá muito tempo livre aos professores.
Apesar de tudo isto,para quando um artigo nos Krommus? Não é fundamental que seja sobre a Académica.
Ficamos á espera.
Os Krommus agradecem.