Xanana Gusmão recebeu o grau de Doutor Honoris Causa
Foi com uma enorme emoção que no seu humilde discurso, falou de um mundo à deriva.«É com incontrolável emoção que me encontro aqui perante vós. Foi uma surpresa que me acariciou o ego, que cada ser humano possui como reduto intocável, do bem e do mal. Talvez tenha sido uma escolha pouco merecida».
Xanana fez questão de sublinhar as relações entre o indivíduo e o colectivo, que devem ser regidas por princípios e valores que considera fundamental:
«A vida é, afinal, a relação do indivíduo com o exterior de si mesmo, na rotina da sua proximidade ou imbuída de elementos que abraçam a lonjura do espaço e dos tempos. A vida dispõe, ao indivíduo e ao colectivo, de opções que se afiguram modelarmente com ideias, princípios e valores, traduzidos em ética, moral, justiça, direitos».
No entanto, o antigo líder da resistência timorense durante a invasão indonésia diz que o mundo perdeu o rumo:
«Hoje, o mundo, no seu colectivo maior, perdeu o rumo porque só age por reflexo e perdeu a subtileza de ser humano, e tornou-se refém da padronização do seu activo íntimo, que é o acto de pensar, de conhecer e de entender para inspirar acções. A liberdade ficou subjugada pelos interesses dos poderosos, a democracia violentada para a defesa dos mais fortes, os direitos humanos espezinhados pelos interesses económicos e a justiça restrita aos segmentos mais frágeis de colectivos, compartimentados em cada país, por obediência a outros. O mundo necessita de coragem para romper com as barreiras dos interesses que, pretensamente globais, conduzem a actos de injustiça com que nos deparamos ou testemunhamos directa ou indirectamente».
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