sábado, 12 de junho de 2010

ISTO NÃO É UMA VERGONHA?


Numa situação em que o País vive, e que os representantes de Portugal deviam ter orgulho em vestir esta camisola, não se abstêm de prescindir destas mordomias e ter algum sentido patriótico, pessoas que ganham grandes fortunas e não têm pejo em mostrar os seus sinais exteriores de riqueza, publica-se aqui um artigo deste jornalista do Expresso, com o devido respeito, de nome Tiago Mesquita. Também serve de homenagem a quem põe um dedo na ferida.
Mesmo que a Selecção não passe da primeira fase, façam contas a quanto arrecadam só por lá estarem diariamente.


"Os jogadores amam a Selecção por 800€/dia Jogadores da Selecção ganham dois ordenados mínimos por dia durante toda a campanha do Mundial. Os pobres jogadores não prescindiram dos 800€ de pernoita. Compreendo perfeitamente a decisão do grupo de "heróis nacionais" de não abdicar da pernoita. Afinal de contas como iriam sustentar-se sem os 800€ por dia da selecção? Iam andar a correr atrás de uma bola só para representarem um país querem ver... e a seguir íamos pedir-lhes o quê? Que soubessem cantar o hino? Andamos muito exigentes. Todos sabemos das dificuldades que esta malta do futebol passa. Há dias vi um deles na praia a molhar os pés com as chuteiras calçadas. Tive pena, confesso. Apeteceu-me dar-lhe um abraço e chorar ombro a ombro como o Mourinho fez com o Materazzi, aquele moço defesa central que é um poço de ternura e carinho. Uma cena maravilhosa. Quando vi Mourinho a chorar voltei a acreditar na humanidade. Depois adormeci e passou-me. Há quem tenha visto jogadores da Selecção a passear no Colombo cheios de remelas nos olhos e com aspecto algo subnutrido. Se os virem por lá ofereçam-lhes um bolo. Pode ser uma pata de veado. Ou os heróis ainda nos morrem de fominha nas escadas rolantes. Em tempos de crise há que ser solidário. Ninguém quer que os jogadores acabem por aí a arrumar carros. Contas feitas são 19 mil euros por dia e um total de 720 mil euros em pernoitas no final da festa que a Federação vai gastar com os prodígios. E tudo por amor ao país. Agora imaginem se fosse por dinheiro. Sem contar com os prémios que cada um recebe caso ganhem alguma coisa para além obviamente dos 800€ dia para a bica, bollycao e meter uma moeda naquelas máquinas que têm um macaco lá dentro a abanar-se. Depois se sair um peluche bonito mandam-no à esposa, provavelmente em executiva ou num jacto privado. Numa altura em que se pedem sacrifícios de toda a ordem e feitio aos portugueses, apertos de cinto constantes com reflexo no pescoço de milhares de pessoas, famílias à beira da bancarrota, completamente asfixiadas e sem esperança, os jogadores ricos da selecção de um pobre país não abdicam dos seus 800€ diários para irem passear à África do Sul. Sim, eu repito: passear. E ainda por cima com tudo pago em regime de luxo. Ninguém os obriga a ir. Vão antes com os miúdos à Eurodisney. Alguns deviam pagar para vestir aquela camisola e não o contrário. A selecção não é um clube de futebol. Isto revolta-me um bocadinho, provavelmente não será só a mim, mas não faz mal: se estiverem como eu soprem na Vuvuzela que isso passa."


Tiago Mesquita (www.expresso.pt)

1 comentário:

  1. É de facto uma vergonha. Toda esta opulência não faz, de certeza absoluta, com que os jogadores joguem melhor, por isso, não se percebe a sofreguidão em quererem estar sempre rodeados de todos estes luxos. O que se percebe é que estes dirigentes e responsáveis, terão de continuar a alimentar este povo, com o ópio chamado futebol. Não nos podemos esquecer que as grandes marcas comerciais de todo o mundo, pagam milhões e milhões para que tudo continue assim. Basta ver! Este ano temos o Mundial em África e daqui a 4 anos será no Brasil, outra terra riquíssima mas onde a quantidade de pobres se encarregará de garantir um grandioso espectáculo. Para que a "Galinha dos ovos de ouro" do futebol mundial continue sadia e vigorosa, nunca poderão alterar determinadas regras, como por exemplo, as novas tecnologias. Afinal, a polémica, o erro, a opulência, o luxo e a temível ditadura financeira, são as regras que continuam a prevalecer, de forma a alimentar o gigante milionário FIFA. Infelizmente, o sucesso destes "Ditadores do Futebol", está na razão directa da pobreza material e espiritual do povo que os mantém.

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