quinta-feira, 24 de maio de 2012

REPORTAGEM DA FINAL DA TAÇA DE PORTUGAL 2011-2012

Os "KROMMUS" tiveram direito a reportagem, online, na revista "SÁBADO"




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  • Os krommus da Académica em festa no Jamor
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Os krommus da Académica em festa no Jamor

22-05-2012

Por Nelma Viana

De Coimbra vieram cinco autocarros, oito leitões, duas travessas de carne assada, outra de iscas com cebola, mais uma de bacalhau com natas e um porco para assar, não fosse alguém ficar com fome. Vinho e cerveja e uma bola de carne para comer no caminho, “que isto de duas horas de viagem dá uma larica do caraças”. Ao meio-dia chegaram ao Jamor e estacionaram perto da entrada Sul do Estádio. Para o repasto, que nos pareceu o mais completo, juntámo-nos aos Krommus, uma das tertúlias oficiais da Briosa, que se costuma reunir num café emblemático de Coimbra e que, a confirmar o nome, assumem a “kromice” pela Briosa. É no café Infante Dom Henrique, que se sentam todas as noites os treinadores de bancada, os que têm as quotas em dias e lugar cativo no Estádio de Coimbra. 

“Não vieram todos, mas estamos bem representados”, dizia um dos elementos do grupo enquanto mostrava o cachecol do grupo encomendado de propósito para a ocasião. O “Doutor”, um dos fundadores da tertúlia, tratou de apresentar o menu e de distribuir os copos de vinho e cerveja. “Há espaço para todos, até para os lagartos que por aqui passaram” - mas o verde, daquele lado, era coisa rara, só se via nos cachecóis dos indecisos sportinguistas com a Briosa no coração, “Afinal é possível ter dois amores e torcer por ambos com a mesma convicção”, dizia Zé António, alfacinha de gema, mas “em tempos estudante orgulhoso de Coimbra”. A “senhora da cantina”, que insistiu em não se apresentar, viajou com os adeptos para reclamar a “comidinha caseira, que coitados, não os queria ver, os seus meninos, todos homens de barba rija e cabelo grisalho, a comer aquelas porcarias dos hambúrgueres”. Não seria fácil, de qualquer modo. O recinto oficial dos comes e bebes era território ocupado pelos verdes, animado pelos gritos em uníssono que confirmavam que só eles sabiam porque não ficavam em casa. E os academistas, ainda que se pelem por uma boa troca de galhardetes, gostam pouco de confusões. Ali, à sombra das árvores, é que era. Ali é que “combinaram esperar pelo toque de alvorada”, que é como quem diz a hora do jogo. Às 15h, duas horas antes do arranque da partida, aviaram-se os restos do almoço para dentro da camioneta, deram-se os últimos toques nas bandeiras, em alguns casos beijou-se o cachecol e seguiu-se em cortejo solene até ao palco do duelo. Ditou a distribuição de lugares que ficasse cada um para seu lado. No fim encontrar-se-iam no mesmo sítio e, “se Deus quiser, com a Taça para levar de volta a casa”.

O jogo decidiu-se aos quatro minutos com o único golo da partida, apontado por Marinho, da Académica. Ao intervalo muitos já davam o jogo por terminado. “Se eu mandasse acabava já com isto”, dizia Toni, ex-jogador da Briosa e do Benfica e que ali se mostrou alheio a clubismos. Logo ao lado, Mário Campos, um dos homens fortes que na final de 1969 alinhou pela equipa dos estudantes frente ao ex-colega que nessa época jogava no Benfica. A Académica perdeu, como viria a perder as outras três finais que disputou - duas frente ao Benfica e outra contra o Vitória de Setúbal, “a dolorosa” que acabou com a derrota dos estudantes por 3-2 em morte súbita - mas a vitória, nesse ano, comemorou-se a vermelho e preto. “Eu e o Toni tínhamos jogado juntos na Académica, e nessa final tivemos de alinhar um contra o outro. Nós (AAC) ficámos para trás, mas no fim trocámos as camisolas.

Agora estamos aqui juntos a torcer pela Briosa. Os jogos decidem-se em campo, mas a amizade dura uma vida”. Ouvia-se o apito para a segunda parte e duas filas acima o presidente do Núcleo de Veteranos da AAC/OAF, Frederico Valido, começava a apostar na dificuldade acrescida dos estudantes para segundo tempo: “Agora começa a parte crítica, o Sporting vai responder”. O Sporting não respondeu, ficou a zero no marcador e a Taça regressou a Coimbra em F-R-A, 73 anos depois da primeira vitória da Académica no Jamor. As bancadas vestiram-se de capa e batina e Coimbra despediu-se do Jamor com o encanto de uma vitória especial que recuperou o espírito de 69 com as mensagens dos estudantes. Mário Campos, ex-jogador dos capas negras – “Emocionado com uma vitória depois de tantas frustrações nas finais” – deixou o convite: “Regressamos a Coimbra de autocarro para os festejos e cá estaremos, sempre, a apoiar a nossa Académica”, na vitória e nas derrotas. “Porque a Académica, para quem não sabe, é mais do que um clube. É um estado de espírito”.

Da ala dos veteranos erguia-se a primeira faixa comemorativa: “A Taça já é nossa, agora queremos a réplica”. Do outro lado, a Mancha Negra, respondia: “Já vai a caminho!”

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