Depois de terminado todo o frenesim em volta do processo eleitoral, há que respeitar a vontade dos sócios da Académica que puderam votar nestas eleições. Essa “
maioria” deu uma clara vitória à lista A. Parabéns para todos eles, menos p’ra um. No entanto, e sem querer estar a rebuscar falsos argumentos ou pseudo desculpas, não nos podemos esquecer das situações menos claras e éticas que foram surgindo ao longo de todo este périplo eleitoral. As dificuldades que foram sistematicamente criadas pelo agora ex-presidente da AG foram de uma falta de nível enorme e que em nada condiz com o nome que ostenta. Ficou claro, mais uma vez, e sem surpresa para ninguém que quem detém e controla o poder, tem ao seu dispor todos os mecanismos necessários para alcançar os objectivos desejados. Dizem-nos que sempre foi assim e que de nada valerá encetar uma luta contra esta forma de agir! Dizem-nos, ainda, que se no comando de tamanha “
nau”, tivermos alguém tendencialmente “
maquiavélico”, então o problema é incomensuravelmente maior do que todos possam pensar. Posta a questão desta maneira, parece que a única forma de algum académico poder vir a almejar a direcção da Académica, é deixar que quem lá está “
caia de maduro”. Não! A isso chama-se, entre outras coisas, resignação. Perder umas eleições, mesmo com um défice democrático enorme, não pode significar abandono. O movimento criado à volta do grupo Mais Académica terá, forçosamente, que demonstrar a todos os académicos repito, a todos, que é possível inverter este rumo que se antevê negro e sombrio. Aqui, mesmo em estado de crise, não existe valor material algum que possa comprar os nossos corações e/ou a nossa memória. Por aqui, nunca poderá haver envelopes timbrados e com inscrições “
100x50” ou “
30x500”. Não! Por aqui terá de passar a lisura de processos, a transparência, a respeitabilidade e, acima de tudo, a honorabilidade que a Académica nos merece. Além de tudo isto, convirá sempre ter em mente, não vá a memória pregar-nos uma partida, que todos aqueles que voltaram a eleger estes corpos sociais sabiam que na sua composição, existia alguém que após apresentação de um recurso, seria confrontado com um pedido de «…
prisão efectiva» por parte do Ministério Público. Esta é uma realidade que jamais poderá ser esquecida e/ou escamoteada!
FESTEJOS
Com o escrutínio terminado e os votos contados, houve lugar aos comentários de ambos os candidatos. Não querendo esmiuçar tudo o que foi dito, apenas se regista o facto de o candidato da lista B ter cumprimentado quem ganhou «
…a Lista A e o seu presidente», para depois afirmar, quando questionado se já tinha dado os parabéns a Eduardo Simões, responder «
Não o conheço». Esta afirmação, embora possa ser considerada reprovável, entende-se perfeitamente. O candidato da lista B Maló de Abreu, que realizou uma campanha eleitoral pela positiva, foi alvo de calúnias absolutamente infames. Quem quiser fazer uma pequena retrospectiva sobre as afirmações de um e outro candidato, depressa constata, onde morou a malvadez, a calúnia e a intriga.
Quanto ao candidato da lista A agora eleito, há a registar uma frase profundamente lamentável. Quando afirma «…
há duas pessoas inequivocamente derrotadas por uma tentativa de assalto ao poder na Académica com objectivos pessoais, políticos ou partidários…» está a caluniar de forma gratuita essas mesmas pessoas, esquecendo-se que com estas tomadas de posição arrasta, mais uma vez, o nome da Académica para a lama. Afinal, quando se esperava um discurso motivador e aglutinador em torno daqueles que gostam da Académica, ouvimos um discurso divisionista, crispado e até digno de um suposto ditador. O exemplo disso está nas afirmações que fez à comunicação social «…
tem 48h para apresentar desculpas públicas e publicadas» ou «…
tem que se demitir». Para quem tem “
às costas” um processo judicial por todos conhecido, estas palavras levam-nos a pensar até onde é que este tipo de postura poderá levar a Académica. Ninguém sabe! Como se isto não bastasse, os festejos de vitória (perfeitamente legítimos) prosseguiram na sua sede de candidatura, com alguns dos seus apoiantes a ostentar um bolo em que se podia ler «
J.E.S. 2 MALÓ 0».

Inqualificável! Se dúvidas havia quanto à estrutura moral e ética deste candidato e seus apoiantes, elas ficaram completamente desfeitas com este tipo de acções. Afinal, ao olhar de muitos, o suposto vilão, tinha virado herói.
Para os que acreditavam na mudança e digerida que está a terrível “
azia” que assolou todos aqueles que convictamente pretendiam uma Académica diferente, resta ficar atento, muito atento ao desenrolar dos acontecimentos e ao cumprimento das promessas anunciadas. Por isso, estamos em crer que já na próxima época se atingirá as competições europeias, e que depois se poderá aspirar à discussão do campeonato e, se tudo isto se confirmar, poderemos assistir também à “fuga dos ratos”, face ao consumado naufrágio. Deste modo, com ou sem impugnação do acto eleitoral, com ou sem providências cautelares, o que todos querem mesmo é que mais tarde ou mais cedo, apareça uma nova Académica, capaz de ter a força aglutinadora suficiente para transmitir às gerações vindouras todos os valores e ideais que em si mesma encerra.
Aqui fica a citação de uma figura da história que viria a ser coroado como imperador de Roma e que define o que ocorreu neste acto eleitoral:
«
Normalmente os homens preocupam-se mais com aquilo que não podem ver do que com aquilo que podem», Júlio César.
Viva a Académica!
[Dr. Kanelada]
09.06.2011