
PASSADO E PRESENTE
Foi há mais de 55 anos que pela mão carinhosa do meu pai comecei a ser adepto e, depressa, sócio da Académica, hoje A.A.C-OAF.
Já vivi descidas de divisão, falhanços de subida e, até, eliminação por moeda ao ar mas, a final da Taça de Portugal de 1967, marcou-me para toda a vida.
Foi a minha maior tristeza desportiva, na mais longa -114 minutos - Taça de Portugal da história do nosso futebol.
Perdemos por 2-3 com o Setúbal.
O jogo foi correcto, leal, vivo e de resultado imprevisível.
Estivemos a ganhar 1-0 com golo de livre do Celestino e empatados 1-1 no final dos 90 minutos. No 1º prolongamento mais um golo para cada lado, o que obrigou a 2º prolongamento. Tudo acabou aos 114 minutos, faltavam, portanto, 6 para o fim do 2º prolongamento, com o golo do Jacinto João. Momentos antes o nosso “China” (Rocha) enviou a bola á barra da baliza adversária.
O jogo foi emocionante e desgastante para adeptos e jogadores. Dizia-se que até o árbitro pedia um golo para acabar com o jogo.
Recordo-me que andei ansioso para que este dia chegasse. Ia a Lisboa ver a minha Académica. Tinha muita esperança que mais uma “tacinha” viesse para Coimbra. A nossa equipa era muito boa, lutadora, humilde, disciplinada, solidária, determinada e ambiciosa.
Fui de comboio com o Pai, companhia que nunca dispensava e, também ele, adepto indefectível da Académica.
Até á hora do jogo a “vitória” foi nossa. Invadimos Lisboa e chegámos eufóricos e confiantes ao Jamor, num dia de sol e de muito calor.
Recordo-me como se fosse hoje.
Mas o que mais me ficou na memória, num misto de tristeza e orgulho, foi ver os nossos jogadores caírem no chão a chorar, quando o Jacinto João marcou o golo da vitória.
Podendo parecer estranho, sinto-me muito orgulhoso de ter visto os “Pardalitos do Choupal”no chão. Caíram, mas foram uns heróis.
De facto, foi a sua postura, atitude e comportamento dentro e fora do campo, que me fizeram “Krommu”. E porquê?
Porque nesse tempo os jogadores dum modo geral e os da Académica em particular, estavam nos clubes muitos anos, criavam afectividade com os adeptos e instituição que representavam e, consequentemente, sentiam a camisola negra que vestiam.
E hoje, que futebol temos?
Hoje, a cultura desportiva dos jogadores de futebol é, salvo raras excepções, muito diferente.
Actualmente, os jogadores assinam contratos em Junho, jogam em Agosto e em Setembro, já só falam que querem jogar na Liga Espanhola ou Inglesa, que ambicionam a “Champions League”, que não querem jogar para não descer de divisão, que estão inadaptados ao clube, que o treinador não compreende o seu futebol etc.…etc.….
Uns vão de férias e não voltam, outros chegam ao cúmulo de, com o maior desplante, festejar os golos junto da claque do clube que na semana anterior representavam, e os aplaudiam e acarinhavam!!!!!!....
Não estará, também, este comportamento a contribuir para a redução de espectadores nos estádios?
Apesar de tudo, o “KROMMU DA ACADÉMICA” não consegue resistir!!!!!!!!....
ACADÉMICA SEMPRE!!!!…ACADÉMICA SEMPRE !!!!!!!!!!
VIVA A MALTA !!!!!
POÇAS PEREIRA