O que é feito de si?
O ANTIGO PRESIDENTE DA ACADÉMICA LEMBRA OS TEMPOS EM QUE RECEBIA OS DIRIGENTES ADVERSÁRIOS NAS REPÚBLICAS E A EQUIPA ERA COMPOSTA POR ESTUDANTES TEXTO VASCO GARCIA FOTO PEDRO RAMOS
Custou-lhe muito a eliminação da Taça?
Obviamente. Acho que a equipa da Académica deveria ter sido mais ambiciosa, deveria ter arriscado mais e mais cedo.
Custou mais por ter sido contra o V. Guimarães?
Muito mais!
Falta espírito à equipa?
Para mim, a Académica não é compaginável com o entendimento que a actual direcção tem. Eu recebia os dirigentes adversários nas repúblicas de estudantes. Cheguei a ter 21 estudantes na equipa. Para representar a Academia, a AAC-OAF deveria ter jogadores como o Rocha, o João Campos, o Mickey, o Marcelo…. Isto faria com que os colegas das diferentes faculdades fossem ao futebol para os ver jogar e faria com que a Academia se aproximasse mais do clube.
O actual presidente deveria demitir-se?
A sua consciência determinará o que deverá fazer.
Foi presidente da Académica durante sete anos. O que guarda desse tempo?
Foram tempos óptimos. Altamente prejudiciais do ponto de vista profissional; mas extremamente gratificantes, porque fiz aquilo de que gostava e construí uma equipa com bastantes estudantes universitários, que estudavam e acabavam os cursos. Sinto-me recompensado por isso. Isso é que é a Académica.
Saiu em 2002, não da melhor forma, com salários em atraso. O que falhou?
É muito simples. A AAC-OAF tinha um contrato com o Casino da Figueira. Nessa altura, nós tínhamos mais uns meses de contrato nesse ano e mais anos de contrato. Eu fui ao Casino da Figueira dizer que precisava do dinheiro todo até ao fim do ano, para poder pagar os vencimentos. Depois de a administração do Casino ter confirmado que depositaria mensalmente aquilo a que a Académica tinha direito na conta que a Académica dissesse e de ter uma livrança a garantir a operação, assinada por mim, pelo director financeiro e outros dirigentes, fui à sede do banco e disseram-me que não havia qualquer problema. Isto numa Terça-feira. Eu esperei até Sexta-feira. Chamei os atletas e dei-lhes o cheque para pagar, pelo menos, parte da dívida de cada um. Enquanto houve dinheiro na conta, foi pago, quando acabou o dinheiro na conta recebi uma chamada do senhor Rui Alegre a dizer que não podia fazer a operação. Face a isto, os cheques que os atletas meteram ficaram sem cobertura. E eu já não tinha tempo de ir buscar a documentação que estava no Porto e meter noutro banco qualquer, que faria, com certeza, esse desconto.
E saiu por causa disso?
Obviamente. Eu tenho vergonha na cara!
O que tem feito desde então?
Tenho-me dedicado à minha actividade profissional. Sou médico oftalmologista. Exerço em Coimbra, Figueira da Foz, Góis, Arganil, Tábua, Pampilhosa da Serra, Mortágua, Fornos de Algodres…
Nunca pensou em sair de Coimbra?
Tive hipótese de me transferir para Faro, mas gorou-se porque uma vaga na Figueira da Foz não foi ocupada e eu fui para lá. Se soubesse que o meu pai iria falecer dois anos depois, nunca teria ocupado essa vaga e não teria sido presidente da Académica. Mas a vida é assim. E Coimbra tem um encanto particular; conquista-nos de tal maneira que, mesmo quando saímos, a saudade magoa e faz-nos voltar.
Continua a acompanhar a Académica?
Claro. Se a Académica tivesse uma secção de berlinde eu acompanhava e apoiava a Académica.
Esta entrevista dada pelo Dr. Campos Coroa à Revista C, publicada no dia 07 de Abril de 2011 e aqui transcrita, serve para dar a conhecer aos mais distraídos e àqueles que por qualquer razão não terão acesso à revista em causa, alguns factos ocorridos naquela altura de difícil e dramática "governação" deste clube. Como diz o povo, "atrás de mim virá, quem de mim bem dirá". Desta forma, os maquiavélicos que orquestraram e montaram todos os cenários possíveis e imaginários para derrubar o então presidente Dr. Campos Coroa, estarão hoje de consciência bem pesada, face ao mal que estão a fazer à Académica e ao seu bom nome. Uma das muitas diferenças relativamente aos dias de hoje, e provavelmente a mais importante, é que na altura a "vergonha na cara" falou mais alto. Hoje, atributos como esse, parecem não fazer parte da estrutura de alguns homens.
Custou-lhe muito a eliminação da Taça?
Obviamente. Acho que a equipa da Académica deveria ter sido mais ambiciosa, deveria ter arriscado mais e mais cedo.
Custou mais por ter sido contra o V. Guimarães?
Muito mais!
Falta espírito à equipa?
Para mim, a Académica não é compaginável com o entendimento que a actual direcção tem. Eu recebia os dirigentes adversários nas repúblicas de estudantes. Cheguei a ter 21 estudantes na equipa. Para representar a Academia, a AAC-OAF deveria ter jogadores como o Rocha, o João Campos, o Mickey, o Marcelo…. Isto faria com que os colegas das diferentes faculdades fossem ao futebol para os ver jogar e faria com que a Academia se aproximasse mais do clube.
O actual presidente deveria demitir-se?
A sua consciência determinará o que deverá fazer.
Foi presidente da Académica durante sete anos. O que guarda desse tempo?
Foram tempos óptimos. Altamente prejudiciais do ponto de vista profissional; mas extremamente gratificantes, porque fiz aquilo de que gostava e construí uma equipa com bastantes estudantes universitários, que estudavam e acabavam os cursos. Sinto-me recompensado por isso. Isso é que é a Académica.
Saiu em 2002, não da melhor forma, com salários em atraso. O que falhou?
É muito simples. A AAC-OAF tinha um contrato com o Casino da Figueira. Nessa altura, nós tínhamos mais uns meses de contrato nesse ano e mais anos de contrato. Eu fui ao Casino da Figueira dizer que precisava do dinheiro todo até ao fim do ano, para poder pagar os vencimentos. Depois de a administração do Casino ter confirmado que depositaria mensalmente aquilo a que a Académica tinha direito na conta que a Académica dissesse e de ter uma livrança a garantir a operação, assinada por mim, pelo director financeiro e outros dirigentes, fui à sede do banco e disseram-me que não havia qualquer problema. Isto numa Terça-feira. Eu esperei até Sexta-feira. Chamei os atletas e dei-lhes o cheque para pagar, pelo menos, parte da dívida de cada um. Enquanto houve dinheiro na conta, foi pago, quando acabou o dinheiro na conta recebi uma chamada do senhor Rui Alegre a dizer que não podia fazer a operação. Face a isto, os cheques que os atletas meteram ficaram sem cobertura. E eu já não tinha tempo de ir buscar a documentação que estava no Porto e meter noutro banco qualquer, que faria, com certeza, esse desconto.
E saiu por causa disso?
Obviamente. Eu tenho vergonha na cara!
O que tem feito desde então?
Tenho-me dedicado à minha actividade profissional. Sou médico oftalmologista. Exerço em Coimbra, Figueira da Foz, Góis, Arganil, Tábua, Pampilhosa da Serra, Mortágua, Fornos de Algodres…
Nunca pensou em sair de Coimbra?
Tive hipótese de me transferir para Faro, mas gorou-se porque uma vaga na Figueira da Foz não foi ocupada e eu fui para lá. Se soubesse que o meu pai iria falecer dois anos depois, nunca teria ocupado essa vaga e não teria sido presidente da Académica. Mas a vida é assim. E Coimbra tem um encanto particular; conquista-nos de tal maneira que, mesmo quando saímos, a saudade magoa e faz-nos voltar.
Continua a acompanhar a Académica?
Claro. Se a Académica tivesse uma secção de berlinde eu acompanhava e apoiava a Académica.
Esta entrevista dada pelo Dr. Campos Coroa à Revista C, publicada no dia 07 de Abril de 2011 e aqui transcrita, serve para dar a conhecer aos mais distraídos e àqueles que por qualquer razão não terão acesso à revista em causa, alguns factos ocorridos naquela altura de difícil e dramática "governação" deste clube. Como diz o povo, "atrás de mim virá, quem de mim bem dirá". Desta forma, os maquiavélicos que orquestraram e montaram todos os cenários possíveis e imaginários para derrubar o então presidente Dr. Campos Coroa, estarão hoje de consciência bem pesada, face ao mal que estão a fazer à Académica e ao seu bom nome. Uma das muitas diferenças relativamente aos dias de hoje, e provavelmente a mais importante, é que na altura a "vergonha na cara" falou mais alto. Hoje, atributos como esse, parecem não fazer parte da estrutura de alguns homens.